Controle de processos: um brevíssimo comentário sobre sua relação com a qualidade e a estatística

A história do controle de processos está intimamente ligada à necessidade de se garantir a qualidade. Garantir qualidade, no entanto, como se sabe, não diz respeito a apenas fabricar produtos conforme a alguma norma, mas sobretudo a evitar variações, mas isso é assunto para outro escrito.

Por ora, importa lembrar que o o processo industrial não é um fim em si mesmo. Processo serve a um objetivo: entregar um produto. Se meu objetivo é produzir um produto artesanal, a variabilidade do produto final estará a meu favor (a variação pode ganhar ares de "personalização"), mas se meu objetivo é produzir um produto em larga escala, a variabilidade do produto final é um empecilho (pois a variação ganha ares de falta de padrão/qualidade, gerando desconfiança). E como é que faço para evitar a variabilidade do produto final em um processo industrial massificado? Controlando o processo.

Douglas Montgomery é o autor de “Introdução ao controle estatístico da qualidade” e dessa leitura a gente entende que é impossível falarmos de controle de processos na indústria moderna (menos ainda na 4.0) sem falarmos em qualidade e estatística. Isso porque a necessidade de controlar um processo advém da necessidade de se manter um padrão (qualidade) no produto final desse mesmo processo e porque a amostragem estatística no controle de qualidade evita que a inspeção tenha que ser feita em 100% dos produtos finais.

Montgomery cita em sua obra (supracitada) que "Em 1924, Walter A. Shewhart, dos Bell Telephone Laboratories, desenvolveu o conceito estatístico de gráfico de controle, que é considerado, em geral, como o começo formal do controle estatístico da qualidade. No final da década de 1920, Harold F. Dodge e Harry G. Romig, ambos do Bell Telephone Laboratories, desenvolveram a amostragem de aceitação com base estatística como uma alternativa a 100% de inspeção"*. Sempre foi, continua a ser e sempre será  uma questão de tempo, dinheiro e eficácia.

Mas para além da eficácia do controle estatístico de processos eu acrescentaria ainda que os dados obtidos das estatísticas, quando traduzidos em linguagem gráfica, facilitam a comunicação em todas as direções e sentidos do organograma administrativo de uma indústria. O espectro intelectual de uma indústria é bastante variado e a linguagem gráfica uniformiza a linguagem sem comprometer a precisão.

Portanto, não se trata, apenas, de se controlar processos, mas de controlar a partir de ferramentas confiáveis e que facilitem a comunicação; trata-se também de jamais se esquecer que o único motivo de controlar processos é garantir a qualidade (padrão) do produto final. O controle de um processo está a serviço da qualidade, não o contrário.

 © Moacir Gabriel

 

*Montgomery, Douglas C.. Introdução ao Controle Estatístico da Qualidade (p. 10). LTC. Edição do Kindle.